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domingo, 15 de janeiro de 2012

SHEKHINAH

Introdução
  Estavamos ministrando aula de (Teologia – propriamente sobre Angelologia) Doutrina sobre Anjos. Quando fui perguntado por uma aluna sobre a “Shekhinah”. Ou melhor, disse-nos a aluna de que um determinado pastor prega e ensina que muitos pregadores e ensinadores falam de Shekhinah e não existe em nenhum lugar na Bíblia a tal expressão, pois bem, até ai ele está certo. Mas ele erra quando usando uma posição pessoal se acha que seus argumentos estão completamente corretos do ponto de vista teológico.

  No entanto, não é porque não existe a expressão na Bíblia “Shekhinah” que ela não possa ser transcrita da língua original, para qualquer outra língua. Neste caso, a sua etimologia não perde o seu sentido, ou melhor, fazendo usos de uma analise teológica chegaremos num consenso. É tanto que, se a Bíblia foi escrita do “hebraico” – AT (quem melhor para conhecer seus significados etimológicos senão os Judeus chamados de Rabinos). É a mesma questão daqueles que contestam que não existe a palavra “Trindade” na Bíblia. Refutando tal argumento dizemos que não é porque não existe a expressão, que ela não tenha consonância com a sua contextualização teológica. Ou seja, não existe realmente a expressão trindade na Bíblia, mas ela está escrita de forma implícita no texto sagrado (Conf. Mt. 28.18-19; II Co 13.13; Lc 3.21-22).
 Destarte, vejamos que esse pastor já criou muitas polêmicas no contexto cristão sem necessidade, ou melhor, não vejo nenhuma importância neste aspecto. Então, vejamos de acordo com a etimologia o significado da Palavra “Shekhinah”:
 Shekhinah é derivada do verbo hebraico שכן. No hebraico bíblico, a palavra significa literalmente, assentamento, habitação ou moradia, e é usada com freqüência na Bíblia hebraica (ver Êxodo 40:35: " Moisés não podia entrar na tenda da congregação, porquanto a nuvem permanecia [Shakhan] sobre ela, e a glória do SENHOR enchia o tabernáculo". Ver também por exemplo, Gênesis 9:27, Gênesis 14:13, Salmos 37:3, Jeremias 33:16), bem como na bênção semanal do Shabat, recitada no Templo de Jerusalém ("Ele, que faz com que o seu nome habite [shochan] nesta Casa, para habitar no meio de vocês o amor e fraternidade, paz e amizade").
 Ressaltamos que fica claro que uma posição teológica não é a única que se deve ter, ou melhor, qualquer pessoa tem o direito de ter ou pensar o que quer. Mas, não lhe dá o direito de achar que a sua posição é a única que estar correta. Ou melhor, quando usamos a “Expressão Shekhinah” num ambiente espiritual ou no momento de adoração a Deus, significa que estamos dizendo a “A presença, a Glória do Senhor” se manifesta no meio do seu povo. No entanto, transcrevo aqui uma outra explicação mui precisa do pastor Ezaú Casales, abaixo:
                                               O  significado de "SHEKINAH”
“Costumo definir sinteticamente SHEKINAH como: "a glória de Deus manifesta"!
 O vocábulo "shekinah" não aparece na Bíblia, é uma transliteração da raiz hebraica "shkn" = habitar. Este termo "shkn" é muito usado pelos TARGUMITAS e RABIS e adotado pelos cristãos. Refere-se à glória visível de Deus habitando no meio do seu povo. Usa-se este vocábulo para designar a presença radiante de Deus, como vista na coluna de fogo, no Monte Sinai, no Propiciatório entre os querubins, no Tabernáculo, no Templo, etc. Embora a palavra "shekinah" não apareça na Bíblia, há alusões à glória de Deus ("shekinah") em diversas passagens.
 A seguir, transcrevo alguns comentários 1) J. B. Payne - Encliclopedia Histórico - Teológica da Igreja Cristã - Editor Walter A. Elwell - Sociedade Religiosa Edições Vida Nova. 2) Dicionário Bíblico Vida nova - Derek Williams, ed. 1) "SHEKINAH - A manifestação visível da glória de Deus. Embora as escrituras neguem a existência de qualquer localidade permanente para Deus, descrevem, simultaneamente com a Sua transcedência, a Sua "glória", ou presença apreensível. A glória pode ser expressada no "rosto" de Deus, no Seu "nome" (Ex 33.18-20), no "Anjo" - os aparecimentos pré-encarnados de Cristo - ou na "nuvem" (Ex 14.19). A Shekinah diz respeito à nuvem que cercava a glória (Ex 40.34), parecia uma nuvem pesada através da qual chispam os relâmpagos (Êx 19.9,16).

 A Shekinah apareceu pela primeira vez quando Deus conduziu Israel para fora do Egito e o protegeu por meio de "uma coluna de nuvem e de fogo" (13.21; 14.19). A nuvem vindicou Moisés contra os "murmuradores" (16.10; Nm 16.42) e cobriu o Sinai (Ex 24.16) enquanto ele se comunicava ali com Deus (v.18; cf. 33.9). Deus "habitava ( sakan, 25.8) no meio de Israel no tabernáculo (miskan, "lugar de habitação", v.9; cf. 1 Rs 8.13), que tipificava a Sua morada no céu (1 Rs 8.30; Hb 9.24). A nuvem encheu o tabernáculo (Êx 40.34-35; cf. Rm 9.4); e o uso pós-bíblico, portanto, designou essa manifestação permanente e visível como "shekinah", "habitação" [da presença de Deus]". Pouco depois, em duas ocasiões, "saiu fogo (consumidor) de diante do SENHOR" (Lv9.23; 10.2). Especificamente, Deus apareceu "na nuvem sobre o propiciatório que está sobre a arca" (Lv 16.2; Ex 25.22; cf. Hb 9.5).

 A Shekinah conduziu Israel através do deserto (Ex 40.36-38); e, embora a perda da arca importasse em "Icabode [nenhuma glória]" (1 Sm 4.21), a nuvem voltou a encher o Templo de Salomão ( 1 Rs 8.11; cf. 2 Cr 7.1). Ezequiel visualizou sua partida por causa do pecado (Ez 10.18) antes da destruição desse templo, e o judaísmo confessava a ausência dela do segundo templo. A Shekinah reapareceu com Cristo (Mt 17.5; Lc 2.9), o Deus verdadeiro localizado (Jo 1.14; skene, "tabernáculo"; cf. Ap 21.3, = sekîna?), a glória do último templo (Ag 2.9; Zc 2.5). Cristo subiu na nuvem da glória (At. 1.9) e, um dia, voltará dessa maneira (Mc 14.62; Ap. 14.14; cf. Is 24.3; 60.1)." - J. B. Payne - Encliclopédia Histórico - Teológica da Igreja Cristã - Editor Walter A. Elwell - Sociedade Religiosa Edições Vida Nova.

 2) SHEKINAH. Esplendor, glória ou presença de Deus habitando no meio do seu povo e o equivalente judaico mais próximo do Espírito Santo. O termo é posterior à Bíblia, mas o conceito está no ensinamento de que Deus habita no meio do seu povo (Êx 29.45s.). A glória de Deus é vista em fenômenos como relâmpagos e nuvens no monte Sinai (Êx 19.16) e a nuvem brilhante que descia sobre a tenda da congregação e guiou Israel pelo deserto (Êx 40.34ss.) .A glória divina também está presente de modo especial no templo e na cidade celestiais (Ap 15.8; 21.23). Foi vista na transfiguração de Jesus (Lc 9.32) e será vista quando Jesus voltar à terra (Mc 8.38). - Transcrito do Dicionário Bíblico Vida nova - Derek Williams, ed”.

Referencia:
1.    ↑ Êxodo 25:8
2.    ↑ Êxodo 29:45
3.    ↑ Isaías 8:18
4.    ↑ Yalkut Shimeoni sobre I Samuel, cap. 2, analogia 82 e em Yalkut Shimeoni sobre Isaías, cap. 43, analogia 455
5.    ↑ Talmude Babilônico, trat. Sanhedrin, 48b